domingo, 15 de janeiro de 2012

Porque parece meu...

Para ele...

"...Não se sinta mal por eu ficar doze horas do meu dia olhando um ponto invisível na parede. Ou por eu gemer de leve quando chega a hora de eu acordar. Ou pela dor nos meus ombros sempre me avisarem que será mais uma luta pra não ouvir a sua voz, a mais bonita voz que se tem notícias pelos ares do mundo. Ou por eu segurar os instantes quando afundo na água, em segundos dramáticos de desistência. Ou por eu ter sempre moleiras de lágrimas iluminando meus olhos. Eu gosto disso. Eu gosto de caminhar soberba e dura e pesada e arrastada e arranhada e retesada e ensanguentada pelas ruas. Eu gosto de ser um escombro perambulando entre todos que não estão apaixonados por você e, só por isso, são inferiores a mim. E de ver o vazio, o normal, o médio, as pessoas, e me sentir mais alta. Ou baixa. Mas sempre de outro lugar. Eu gosto do coração barrigudo e disso me fazer imensa e cheia de você. Implodida de você e sentindo as dores e as fumaças de andares que desabam quando você diz que agora só amanhã ou depois de amanhã ou nunca.
Pode até ser que outra pessoa te tenha agora andando pela casa e dormindo na cama e pegando uma água na geladeira. Mas eu tenho você no meu fígado e rins e veias e artérias e sonhos e líquidos e células."





[Que lindo, né? Trecho de Tati Bernardi. E me senti tão nele que resolvi compartilhar. Preciso dizer algo mais? Acho que não. Ela falou completamente o que sinto aqui.]

Nenhum comentário:

Postar um comentário